A Espírito Inquebrável de um Verdadeiro Artista

Este artigo é sobre Hales Murad, uma menina ezidi que, aos quatro anos, em Sharya, no Iraque, se recusou teimosamente a sair de um trator que acabara de tomar posse com muito orgulho. Somente quando um policial a bribou com chocolate ela finalmente cedeu e soltou o trator. Provavelmente, não havia outra maneira de separar Hales deste trator. Esta história destaca o espírito forte da artista ezidi, que, desde jovem, demonstrou traços de uma verdadeira e corajosa artista.

Hales Murad
Uma artista e defensora apaixonada da cultura ezidi, Hales Murad usa sua arte para aumentar a conscientização sobre a cultura ezidi e as lutas enfrentadas por seu povo, incluindo os horrores do genocídio de 2014. Através de suas poderosas pinturas, ela combate o preconceito, preserva seu patrimônio e fortalece seu povo, tudo enquanto persegue seus sonhos acadêmicos e profissionais na Alemanha. O trabalho de Hales é um testemunho da resiliência, força e espírito inquebrável do povo ezidi.

Hoje, quase 18 anos depois, Hales Murad está cursando o bacharelado em Pedagogia na Alemanha. Antes de seguir seus estudos, trabalhou como educadora infantil, tornou-se membro do conselho diretor de uma associação de jovens ezidis e recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Empresarial Alemã. Sua paixão é a arte. Ela cria pinturas com temas específicos, como a religião ezidi (Sharfadin) e a cultura. Tendo vendido várias obras, realizou o sonho de promover sua própria exposição. No entanto, às vezes, a artista reflete com espanto sobre como o “teimoso grupinho” de sua aldeia conseguiu chegar tão longe.

Em 2007, Hales fugiu para a Alemanha com sua mãe e irmã—um país que ela passou a amar tanto por suas liberdades quanto por seus valores. Como ezidi, um povo étnico que enfrentou séculos de perseguição, o conceito de liberdade tem um grande significado para Hales. Ela passou a compreender profundamente o valor da liberdade através das atrocidades cometidas por grupos islâmicos. O genocídio mais recente, de mais de 70 genocídios ezidis, ocorreu em 3 de agosto de 2014, com milhares de mulheres ainda mantidas em cativeiro pelo ISIS. “Vivemos em cativeiro tempo o suficiente; agora é hora de lutar pela nossa liberdade e nossos direitos“, diz Hales.

Muitos estados carecem de conhecimento preciso ou suficiente sobre os ezidis, frequentemente confundindo sua identidade e classificando-os erroneamente como parte da comunidade curda. Essa concepção equivocada coloca em risco a independência do povo ezidi. O ódio e as ameaças contra eles estão se espalhando cada vez mais online, alimentados por desinformação generalizada, muitas vezes propagada por grupos anti-ezidis. Muitos políticos curdos estão explorando a situação, tentando obter votos no Iraque sob a fachada de apoio aos ezidis. No entanto, por trás das portas fechadas, os mesmos políticos contribuem para o crescente ódio direcionado ao povo ezidi.

Para garantir que os ezidis não continuem a ser vítimas de ataques violentos por grupos anti-ezidis, é fundamental permanecer unidos, crescer e atrair a atenção das pessoas. “Podemos transformar nosso status de minoria em uma força, lutar pelos nossos direitos, ser criativos e escolher a liberdade.”

Sua arte é uma declaração ousada de sua existência, dignidade e direito de viver livremente, sem medo ou perseguição. Diante de séculos de sofrimento e dos horrores do genocídio de 2014, Hales escolheu falar através de sua arte—oferecendo ao mundo um vislumbre da beleza, força e espírito de um povo que enfrentou dificuldades inimagináveis.

A dedicação de Hales Murad ao povo ezidi, sua coragem em lutar contra a injustiça e sua capacidade de transformar a dor em arte são um testemunho do espírito inquebrável que reside dentro dela. A jornada de Hales está apenas começando, e o mundo tem a sorte de contar com uma voz tão poderosa e destemida pela liberdade.

Para mostrar seu apoio a Hales Murad e conhecer seu trabalho, siga-a no Instagram. Ao segui-la, você poderá acompanhar suas últimas obras, exposições e esforços para aumentar a conscientização sobre o povo ezidi. Seu apoio é uma maneira poderosa de ajudar a amplificar as vozes das pessoas que lutam pela liberdade e justiça.